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Saúde da Mulher
Ações voltadas para diferentes grupos de mulheres são realizadas na UFPB
Através dos projetos de extensão, o debate voltado à saúde da mulher tem atravessado os muros universitários. Eles são focados em discutir assuntos referentes à saúde física e mental e tentam fazer com que informações importantes sejam acessíveis a todas as mulheres. É o caso do projeto “No cárcere”, executado pela Escola Técnica de Saúde (CCS/UFPB), que há seis anos realiza diversas atividades no Presídio Feminino Júlia Maranhão, em João Pessoa.
“É um grupo da sociedade onde essas atividades [voltadas à saúde da mulher] não são muito trabalhadas e a Universidade Federal da Paraíba tenta ultrapassar os muros para chegar até o interior do cárcere, com a perspectiva de trabalhar a prevenção, a promoção e a recuperação da saúde dessas mulheres dentro do ambiente prisional”, justifica Soraya Adriano, coordenadora do projeto, sobre a escolha do público alvo.
Segundo Giulianna Pereira, bolsista do projeto e estudante de educação física, o objetivo é proporcionar saúde na sua integralidade. Por isso, as ações realizadas durante o período de atuação do projeto foram focadas na saúde física, emocional e espiritual das mulheres privadas de liberdade.
Desde então, já foram realizados cine saúde, rodas de conversa, musicoterapia, arteterapia, implantação da horta fitoterápica, que vem sendo desenvolvida e utilizada pelas mulheres, com efeito terapêutico para dor de cabeça ou cólicas menstruais. E a implementação do curso PRONATEC, no qual 20 mulheres foram selecionadas para fazer a formação do curso de higienista.
No último ano, o projeto precisou se adaptar ao período pandêmico e criou o podcast “Boletim Cuide-se”, que tem episódios com dados informativos, conversas e músicas. Para Giulianna, o resultado alcançado pelo podcast foi positivo. “Quando vamos presencialmente, o número de mulheres que podem estar presentes para a realização das atividades é bem limitado. Com o podcast transmitido nos pavilhões, nós conseguimos alcançar todas as mulheres que estão no presídio Júlia Maranhão e isso é fantástico”, elogia.
Extensão como forma de diálogo
Assim como o “No Cárcere”, o projeto Fios de Estima também rompe os limites acadêmicos. O coordenador do projeto, Juan Gonçalves, destaca o papel da Extensão nesse diálogo entre os saberes. “É através da Extensão que a barreira ancestral entre a academia e a sociedade pode ser quebrada. Esse é um dever do Estado e a Universidade Pública tem cumprido o seu papel com louvor, ao apoiar projetos como o nosso em todo o País”, argumenta.
Para o coordenador, é importante democratizar as discussões para que elas cheguem a todas as pessoas. “Sem dúvidas, um dos maiores desafios do nosso projeto é alcançar ao máximo aquelas pessoas que mais carecem de informações embasadas pela ciência, e tentar repassar tudo da forma mais simples e direta possível”, afirma.
O projeto, desenvolvido pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas, tem utilizado o Instagram, plataforma gratuita e de amplo acesso da população, para alcançar o público. O “Fios de Estima” visa conscientizar pessoas de todos os gêneros acerca da prevenção ao câncer de colo de útero, ressaltando a importância da educação sexual e os riscos relacionados às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
“Eu percebia que a falta de conhecimento acerca da necessidade de realização do exame preventivo e o medo de receber o diagnóstico de câncer eram fatores impactantes, que se mudados, proporcionariam oportunidade de tratamento e/ou cura para muitas mulheres”, expõe a estudante Ludmila Gomes, bolsista do projeto.
Além disso, a equipe em parceria com o Hospital Napoleão Laureano, realiza a campanha homônima “Fios de Estima”, que promove a arrecadação de mechas de cabelo a serem doadas para as vítimas de câncer de colo de útero na Paraíba. “É incrível o número de pessoas que têm a intenção de doar suas mechas, mas que por dificuldades de informação ou acesso, acabam desistindo. O “Fios de Estima” é um facilitador desse processo”, defende Juan.
- Ponto de coleta fixo da campanha: Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM/UFPB), no Centro de Ciências da Saúde, na UFPB.
- Pontos por agendamento como a equipe para arrecadação: bairros Altiplano, Bancários, Torre e Manaíra, em João Pessoa. Cidades de Bayeux e Patos.
Assistência à saúde da mulher de meia idade
Ainda entre os projetos que focam na saúde das mulheres, está o projeto Amora’s, coordenado por Juerila Barreto. O intuito da atividade é promover assistência e educação em saúde para mulheres na meia idade, entre 35 a 59 anos, período no qual ocorre, geralmente, a fase de climatério e menopausa.
“Num momento em que a ideia é querer ser jovem eternamente e a todo custo, falar e fazer programas que impliquem a tomada de consciência do envelhecimento é doloroso e não atende ao mercado de consumo da beleza”, ressalta Juerila sobre a importância de projetos como o Amora’s.
A ação de extensão promove encontros quinzenais, nos quais a equipe aborda conteúdos que dizem respeito às mulheres, como anatomia do sistema genital feminino e ciclo ovariano, por exemplo. Além disso, proporcionam atividades para percepção e autoconhecimento corporal, assim como atividades com abordagem fisioterapêutica para promoção de saúde para as participantes.
Os encontros possuem três partes: parte afetiva (atividades para percepção e autoconhecimento corporal, como também interação em grupo), parte cognitiva (conteúdos para esclarecimento de processos corporais femininos) e parte prática (abordagem fisioterapêutica).
Essa é a 14ª edição do projeto que teve início em 2000 e seguiu até 2011, quando passou por um período de pausa. As atividades retornaram em 2019 e, atualmente, contam com a parceria do Núcleo de Pesquisas Homeopáticas e Fitoterápicas (NEPHF) e do Instituto Paraibano de Envelhecimento (IPE). Atualmente, dez mulheres participam do projeto e novas vagas podem ser abertas no próximo ano.
Reportagem de Aléssia Guedes (Bolsista PROEX 2021), editada por Comunicação PROEX.