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Alimentação infantil nos projetos de extensão
Crianças na colheita dos vegetais cultivados na horta da Escola Donzinha Bezerra, em Bananeiras. Imagem cedida pelo projeto.
Ações de extensão promovem boas práticas alimentares para crianças
Era uma vez, uma princesa chamada Rapunzel, ela foi presa desde pequena em uma Torre alta no meio da floresta. Rapunzel percebeu que podia escapar usando seus longos cabelos, mas eles precisavam crescer mais. Para que eles crescessem, ela precisava comer muitas saladas. Rapunzel não pensou duas vezes, comeu as saladas e conseguiu escapar da Torre.
Não há nada de errado nesse conto de fadas, ele na verdade, é um reconto criado pelo projeto “Nutrindo com Alegria: Usando o Lúdico para promoção de uma alimentação saudável”, um dos projetos de extensão que vem atuando para promover educação nutricional para crianças. Como ele, a ação “Boas práticas alimentares na Educação Infantil” também atua através da extensão universitária buscando integrar nas escolas o cultivo de hábitos saudáveis.
Na pandemia, as atividades dessas ações precisaram ser readequadas para o modo remoto. O projeto Nutrindo com Alegria passou a usar as redes sociais para compartilhar tutoriais de receitas e dicas de brincadeiras que podem ser feitas em casa. Já o projeto Boas Práticas Alimentares tem compartilhado curiosidades sobre as hortaliças, experimentos para fazer com as crianças e dicas de plantio.
Brincar para comer melhor
Coordenado pela professora Leylliane Leal Interaminense, o projeto Nutrindo com alegria surgiu há quatro anos em parceria com outra extensão, a Redes do Bem, e tinha como objetivo inicial trabalhar práticas de alimentação saudável que evitam o surgimento de cáries dentárias, mas foi se modificando com o tempo. Nos últimos anos, a ação tem foco contribuir para a formação de hábitos de nutrição saudável nas crianças. Na prática, o projeto desenvolve atividades lúdicas envolvendo alimentos e, para finalizar a atividade, levam as crianças para o refeitório onde disponibilizam um lanche em que tais alimentos são utilizados.
Essas atividades já foram realizadas na escola da comunidade São Rafael, em João Pessoa e também na Escola de Educação Básica da UFPB, essa última com um público de 280 crianças atendidas.
Além de recontos, nos quais são os alimentos aparecem como fator de mudança nas histórias infantis, o projeto utiliza brincadeiras e jogos educativos para ensinar sobre alimentação saudável e incentivar as crianças a experimentem novos alimentos.
De acordo com uma pesquisa realizada pela ação, as atividades lúdicas colaboram na formação de hábitos alimentares. O projeto perguntou a dois grupos de crianças sobre o consumo de salada, sendo que um deles ouviu o reconto em que a personagem consome o alimento e o outro não. No grupo de crianças que participou da atividade, 82% das crianças afirmam gostar do prato, enquanto no grupo que não participou apenas 16% declara que gosta de salada.
Leylliane Leal, a coordenadora do projeto, explica que falar sobre esse assunto na infância impacta durante toda a vida, pois é nessa fase que os hábitos saudáveis se formam: “É super importante a gente trabalhar alimentação saudável desde cedo porque é nesse momento da vida que se formam os hábitos saudáveis. Quando na fase inicial da vida a criança é exposta a uma quantidade grande de carboidratos e alimentos processados, a tendência é muito grande que ela continue com esse hábito. É importante a gente trabalhar essa qualidade da alimentação o quanto antes, para que eu consiga lá na frente ter bons frutos.”
A horta das crianças
Outro projeto de extensão que investe em atividades lúdicas é o “Boas práticas alimentares na Educação Infantil”, sob coordenação da professora Maria José Wanderley. A ação é desenvolvida na escola Donzinha Bezerra, em Bananeiras, e já passaram por ela 160 crianças. Atualmente, 80 crianças são contempladas, todas na faixa etária entre quatro e seis anos.
O projeto surgiu para estimular as crianças a consumir alimentos saudáveis. Como verduras e hortaliças nem sempre fazem parte das refeições nas famílias, o contato com esses alimentos na escola é uma oportunidade para aumentar a quantidade de alimentos saudáveis conhecidos e apreciados pelas crianças.
Para incentivar o consumo de vegetais, a ação cultiva uma horta orgânica na escola. As crianças participam do cuidado com a horta, desde o plantio até a colheita dos alimentos. Segundo Maria José Wanderley, o cuidado com a horta é importante, pois deixa as crianças curiosas para ver o resultado do trabalho. “Essas atividades despertam o interesse em se ver nas refeições disponibilizadas pela escola as hortaliças que elas manusearam na horta, seja participando das instalações, plantios, colheita ou outras atividades”, explica a coordenadora.
A horta, além de contribuir na nutrição das crianças, melhora o ambiente escolar. Com a ajuda do projeto, as merendeiras da instituição confeccionaram uma composteira que produz adubo para as hortaliças. Assim, o tratamento de resíduos é feito de forma adequada.
As atividades são desenvolvidas na companhia de uma pedagoga, uma nutricionista e professores agrônomos, que também desenvolvem ações como palestras, oficinas de preparo de receitas, distribuição de livretos de receitas, apresentação de vídeos infantis, contação de histórias e o incentivo para que as crianças expressem o aprendizado através de desenhos ou verbalmente. Os professores também são incentivados a utilizarem a horta nas aulas que exigem conhecimentos como matemática, português, ciências e artes.
A extensionista do projeto e estudante de Agroecologia, Letícia Andrade, acredita que o projeto é importante para inverter ideias naturalizadas, como a oferta de alimentos pobres em nutrientes nas escolas. A estudante afirma ainda que participar da ação tem colaborado para que ela seja “uma profissional mais flexível e criativa, além de contribuir para o meu engajamento pessoal nas esferas da sociedade como um todo, sendo uma cidadã, universitária, profissional e mãe com um olhar mais crítico”.
Reportagem de Grace Vasconcelos (Bolsista PROEX 2020), editada por Comunicação PROEX