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Projeto aborda o uso consciente de medicamentos pelos idosos
Couve, limão e hortelã. Esses são os ingredientes do suco que Maria das Graças, dona de casa de 64 anos, consome diariamente antes de dar início às atividades cotidianas. Apesar de ser diabética, ela mantém as taxas glicêmicas controladas, graças aos exercícios físicos que realiza e ao uso consciente de medicamentos.
Assim como dona Maria, dezenas de idosos participam do projeto Promovendo o Uso racional de Medicamentos Pelos Idosos, que consiste em informar os idosos sobre formas de ter uma vida mais saudável, sem automedicações nem dependências químicas, é desenvolvida no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do bairro de Mandacaru, em João Pessoa. A ação é coordenada pela docente do Centro de Ciências da Saúde Fabíola Fialho e conta com a participação de estudantes do curso técnico da Escola Técnica da Saúde da UFPB.
Na opinião da extensionista Andreia dos Santos, bolsista PROTEC/ETS, o projeto possibilita uma nova forma de enxergar a velhice, na qual os idosos aprendem os cuidados necessários ao bem-estar físico e mental. “Fico feliz ao saber que podemos ter um olhar crítico e enriquecedor sobre a vivência dos idosos e estabelecer a troca de conhecimentos, afeto e aprendizado humanitário. As realidades de cada idoso são muito enriquecedoras e perceber que estamos contribuindo para a melhoria de vida deles e da comunidade é muito gratificante”, afirmou.
De acordo com Fabíola Fialho, promover essa ação é cuidar daqueles que um dia já foram cuidadores. “Trabalhar com os idosos é aprender com quem tem mais experiência, e o nosso dever é ajudá-los a manter a saúde, para que essas experiências possam ser repassadas por vários anos. Os medicamentos devem ser usados, mas não irracionalmente. Queremos vê-los dançando, correndo, se alongando e esboçando vida. Por isso, medicamentos, só os necessários. O restante, é comer bem e fazer muito exercício”, disse.
Dona Maria das Graças não hesita ao falar dos benefícios que o projeto trouxe para a vida dela. Após enfrentar problemas de saúde devido ao uso desnecessário de insulina, ela contou que decidiu procurar um médico no Hospital Universitário. Feitos alguns exames, foi constatado que ela não precisaria tomar insulina, pois suas taxas de açúcar no sangue estavam normais. “Depois que passei por momentos difíceis com a minha saúde, entendi que não precisava utilizar vários remédios para me sentir bem. Hoje, o meu medicamento é a minha alimentação e minha dança. A ginástica também entra, a caminhada também... Ah, são tantas atividades que amo, que nem consigo explicar”, relatou, com um sorriso contagiante.
Para participar do projeto, os idosos devem ter vínculos com o CRAS de Mandacaru. As atividades acontecem semanalmente e já têm contribuído significativamente para a saúde de muitos deles. Um dos pré-requisitos é ser idoso, mas, segundo Maria das Graças, ela é uma jovem de 64 anos que está no começo da vida. O segredo dessa jovialidade, ela disse, está no suco de couve, limão e hortelã. Ao ser perguntada sobre sua vida hoje, fez questão de concluir a entrevista: “Não tenho mais nada a pedir, só a agradecer. Remédio, só para controlar a pressão arterial. Agora sou uma pessoa consciente com relação a minha saúde. Ademais, vamos dançar e ser feliz! ”.
* Reportagem de Raian Lucas - Bolsista da PRAC (2018)